domingo, 6 de abril de 2008

Otelo, Orson Welles, 1952

* Taís T Ferreira

"...Os italianos, os franceses e os americanos - que podiam ter inscrito Otelo - não quiseram; tinham seus próprios filmes. Aí, como fora rodado no Marrocos, inscrevi o filme como sendo marroquino." Orson Welles
Lançado no Festival de Cannes em 1952, Otelo conquistou a Palma de Ouro de melhor filme.

Rodado em quatro cidades diferentes do Marrocos e uns cinco lugares na Itália, o filme traz o próprio Orson Welles como o mouro de Veneza. Otelo carrega em seu coração a dúvida a respeito de si mesmo, o que mina sua autoconfiança, solo fértil para Iago plantar o ciúme.

Intensidade dramática, luz, som, cor, ângulos, montagem. O filme começa pelo desfecho já conhecido da peça - o funeral. A montagem, uma das fases mais importantes da criação cinematográfica, é não linear e explora o cenário com contrastes de luz e sombra, lembrando os grandes planos de Eisenstein e a iluminação expressionista.

Com uma impressionante fotografia em preto e branco, Welles explora a arquitetura de Veneza e Marrocos com elementos de grande dramaticidade, conseguindo situações poderosamente expressivas a partir da relação dos atores com os cenários imponentes, que servem de palco para a tragédia criada por Willian Shakespeare por volta de 1603.

Racismo. Ciúme. Inveja.Traição. A história dos homens na literatura clássica, transformada em uma obra prima visual cinematográfica por Orson Welles, um de nossos gênios do cinema.

* jornalista

Um comentário:

  1. Vale a pena ver.
    Toda obra de arte é atual.
    Revi e fiz algumas reflexões.
    O que falta a Otelo em seu egoísmo, é a franquesa, a lealdade, a clareza e a simplicidade para com a amada. O que ele tem de sobra para com os outros.
    Que ele assuma seus desejos, suas fantasias, seus medos. Com sua reserva e falta de diálogo, Otelo ficou cego, encarcerado em sua baixa estima. Não conseguiu sentir o amor de Desdêmona. Relações...

    ResponderExcluir